Thursday, August 30, 2007

Hábito - Texto 3 (Série Silvio)

Marcelo era um menino muito inteligente e tinha um coração bom por natureza. Entretanto, ele sempre fazia as coisas erradas. Ele sabia que não devia brincar de irritar os outros, mas continuava fazendo. Marcelo sabia que se deve evitar falar palavrão, porém ele acabava soltando alguns no meio de uma frase.

Certa noite, seu pai lhe disse:

- Marcelo, Deus lhe deu uma noção tão boa de certo e errado; você sabe melhor do que muita gente qual a coisa certa a se fazer. Por que você escolhe sempre fazer a coisa errada?

Com displicência, Marcelo falou: Ah, pai. É só brincadeira. Os outros sabem que eu estou brincando. Não faço para ofender. Quanto aos palavrões, é só o meu jeito descolado, não faço com intenção agressiva e só faço nas horas adequadas. Como o senhor mesmo disse, sei o que é certo e errado, e posso parar de fazer o errado a qualquer momento.

Seu Wilson respondeu: Cuidado, filho. Costume de casa vai à praça. Além do mais, devemos aproveitar sempre as oportunidades de fazermos o que é certo. Toda oportunidade tem seu preço.

O filho disse: Fica tranquilo, pai. Eu quero só aproveitar o meu tempo de criança. Quando ficar adulto, eu paro.

Mesmo sentindo um aperto no peito, Seu Wilson deu um beijo de boa noite em seu filho, que foi dormir.

No dia seguinte, sozinho, quando estava atravessando a rua para ir para o colégio, Marcelo foi atropelado e bateu com a cabeça. Ele não tinha se machucado muito, porém havia perdido a memória. Como não se lembrava o caminho de casa, ficou perdido. As pessoas em volta tentaram ajudá-lo, mas Marcelo as assustava e as ofendia, falando palavrões absurdos e as tratando de maneira jocosa. Embora apiedados de Marcelo, ninguém queria levar para casa, nem que por uma noite, uma criança tão desbocada e zombeteira. Marcelo acabou dormindo na rua triste e solitário.

Marcelo acordou assustado em sua confortável cama, chorando de soluçar. Tudo não havia passado de um sonho ruim. Seu pai, que acordou com o choro do filho, foi vê-lo e, após Marcelo lhe contar sobre seu sonho, seu Wilson falou:

- Filho, mais importante do que sabemos ou fazemos são os nossos hábitos; eles são a nossa garantia de que continuaremos fazendo as coisas certas em quaisquer circunstâncias. Nossa inteligência não é apenas para nos ajudar a escolher entre o certo e o errado, mas também para compreender que devemos gravar essas escolhas na alma para o caso de nos faltar inteligência algum dia.

A partir daquela noite, Marcelo mudou e a sua arrogância, por saber tão bem escolher entre o certo e o errado, transformou-se em humildade, pelas dificuldades que encontrou na prática cotidiana de suas boas escolhas.

3 Comments:

At 3:10 AM, Blogger Sabrina said...

ADOREI o texto... parabéns, Silvio!!

Eu nunca tinha parado para observar a importância dos bons hábitos por este ângulo. E adorei enxergar assim... obrigada por abrir meus olhos para essa verdade.
Sempre pensei que para conquistar uma virtude ela deve passar pelo hábito, mas não tinha refletido sobre ela permanecer na falta da inteligência. E é uma grande verdade mesmo!!!

Saudades do texto daqui... agradeço por alimentarem a minha alma nesta manhã linda e ensolarada de sábado.

:)

Um beijo no coração de vocês,
sa

 
At 5:03 PM, Blogger Gabyzinha said...

Nossa...esse texto é muito intelectual e mostra a arrogância e a ganância que embora sabemos ser algo errado,sem percebermos,já vivemos na base dessas palavras.Acho que certas pessoas que vivem totalmente á base dessa doença,deveriam ler seu texto.

 
At 11:22 AM, Blogger Leandra said...

excelente!!!

 

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