Monday, October 12, 2009

Aninha e o Homem-Desperdício

O texto a seguir foi escrito a 4 mãos, com a Magaly Vasconcelos, e tem conteúdo ligado à defesa ambiental. Devo dizer que a peça já foi encenada e tem feito sucesso aqui em Brasília. Espero que seja útil aos educadores de todo o Brasil, espíritas ou não.

Um abraço,
Issana


A BATALHA FINAL

Personagens: Aninha, e o homem Desperdício.
Figurino: ‘roupa de espuma’ (Aninha). Malha e capa do (Desperdício)
Cenário: Teatro ou placo com datashow, computador, tela de projeção.


Aninha entra no palco. Música animada ao fundo. Passeia pelo palco, manda beijinhos para a platéia e diz:

ANINHA: Olá, garotada!!!! Meu nome é Aninha e estou muito feliz de estar aqui com vocês. Acho que o nosso encontro vai ser bem divertido e...

(Aninha é interrompida por SOM DE TELEFONE. Ela procura nos bolsos e retira de lá um ‘celular’, em formato de NUVEM. Ela atende o telefone:)

ANINHA: Alô? Siiiimm, está falando com ela!! (FAZ CARA DE ASSUSTADA) O quê???? Você tem certeza disso???? E ele está me procurando?? Não, não, pode ficar tranqüilo!! (FAZ UMA PAUSA) Tá bem, tchau.

( Aninha desliga o telefone e se dirige ao público)

ANINHA: Vocês não sabem o que acaba de acontecer!!!! O Desperdício acaba de sair da prisão e já começou a fazer estragos por aí!!!!! Da última vez em que ele conseguiu escapar, foi um deus-nos-acuda. Ele é terrível e não perdoa ninguém: ataca pessoas e casas com o estranho vírus do Desperdício!!!!!

(Apagam-se as luzes. Música “de suspense” ao fundo. Entra o Desperdício)

DESPERDÍCIO (dá uma risada gutural e começa a falar. Aninha está no fundo do palco e ele não percebe a presença dela): Já comecei a espalhar desperdício por toda a cidade. Hoje mesmo, uma menina ficou três horas (RI NOVAMENTE) três horas INTEIRINHAS no chuveiro!!!!! (ANINHA faz cara de choque). Ah, e uma senhora MUIIIITO minha amiga usou uma mangueira para lavar e lavar a calçada em frente à casa dela.

( Enquanto ele fala, ANINHA se aproxima, com cara de horror, e cutuca o vilão)

DESPERDÍCIO (dá um pulo, assustado): Eeiiiiiiiii!!! Que sussstooo!!!!!!!

ANINHA: Você é mesmo de lascar, hein??? Mal saiu da prisão e já está aprontando das suas!!!

(Desperdício faz carinha de santo):

DESPERDÍCIO: Puuuuxxa, Aninha, que bom revê-la!! Que mal pode haver de tomar um banhinho gostoso, de trazer a calçada bem limpa?

ANINHA (enquanto ela fala, Desperdício olha para as unhas, para o alto, bufa, balança os ombros): Até parece que você não sabe da importância de preservamos os recursos naturais do Planeta Terra, não é mesmo, Desperdício? Esqueceu o quanto a água é importante para nós? Que precisamos de água para matar a sede, para fazer as plantações darem frutos, para gerar energia e muitas outras atividades ? Esqueceu que a oferta de água não é inesgotável e que precisamos utilizá-la de forma responsável?

DESPERDÍCIO (cínico): Eu sei disso, sim, querida Aninha. É importante sim a gente preservar a água, mas... que diferença faz se a gente deixa uma torneirinha pingando, hein? São tantas torneiras no mundo todo. Umazinha não vai fazer diferença...

ANINHA (olha para a platéia e levanta as mãos para o céu): Criançada, isso que ele está dizendo deveria ser proibido para menores!!! Imagine só que absurdo!! É CLARO que o papel de cada um é fundamental! Se cada pessoa deste mundão de 6 bilhões de habitantes fizesse a sua parte, o mundo seria muito, muito melhor. Nós podemos sim fazer a diferença. (Dirige-se à platéia: ) Não podemos, criançada??

(Depois que a criançada responde, Desperdício completa):

DESPERDÍCIO: Ah, mas você é mesmo uma idealista, hein? Sempre querendo salvar o mundo! Se a pessoa quer porque quer lavar a louça dela, sem fechar a torneira na hora de ensaboar, e é ela que paga a conta no final do mês, quem é que tem alguma coisa a ver com isso?

ANINHA: Mas não é possível, você é mesmo um vilão terrível!!!!Uma simples e inofensiva torneira gotejando pode desperdiçar 46 valiosos litros de água por dia!! Isso é a mesma coisa que rasgar dinheiro. E não é só uma questão de dinheiro, mas de compromisso: se todos usam responsavelmente, todos podem usar sempre. Todos, todos mesmo, e não só um grupinho de privilegiados!

(Enquanto ela fala, Desperdício vai se retirando de mansinho. Ela se dá conta disso ) :

ANINHA: Ei, ei , ei, onde o senhor pensa que vai? Volte aqui!!!

(Os dois desaparecem por detrás da cortina. Ouve-se o barulho de coisas caindo, de ‘lutinha’. Aninha volta, trazendo Desperdício pelo colarinho. Ela se dirige à platéia):

ANINHA: Pessoal, vamos mandar esse cara para bem longe das nossas vidas?? Preciso da ajuda de vocês, pode ser?

(Crianças se manifestam: )

ANINHA: Pois então, quero que todos me ajudem a eliminar este vírus!!! Vou falar umas palavrinhas mágicas e, depois delas, vocês repetem três vezes comigo: “Xô, desperdício! Xô desperdício! Xô desperdício!”. (Enquanto ela fala, Desperdício se senta, já meio desanimado:)

ANINHA: Não demorar no banho é atitude- Ana! Agora são vocês, crianças!

ANINHA: Fechar as torneiras para escovar os dentes é atitude-Ana!

CRIANÇAS:

ANINHA: Não varrer calçadas com água é atitude-Ana!!

CRIANÇAS:

ANINHA: Consertar vazamentos em torneiras, tanques e caixas d’água é atitude-ana!

CRIANÇAS:

(A medida em que forem repetindo, Desperdício vai ficando em posição fetal)

ANINHA (fala baixinho): Pronto, pessoal, ele já dormiu. Agora, vou levá-lo para uma escola do Mundo Mágico, para que ele aprenda essas coisas todas, que vocês já sabem. Tomara que um dia ele consiga entender que a união faz a força e que responsabilidade no uso da água é coisa muito, muito importante... Parabéns por terem me ajudado a eliminar o Desperdício!! Nós somos mesmo CAMPEÕES

(A peça termina com a exibição do vídeo “We are the champions”, com a Gotinha) e imagens de fontes, rios, cachoeiras limpas e jorrando.)

Tuesday, September 09, 2008

As Moscas - Texto 5 (Série Silvio)

João Marcelo era um garoto de quase 12 anos que tinha um pequeno poblema: adorava ficar sujo. Por mais que sua mãe o alertasse sobre os perigos e doenças da falta de higiene, João adorava brincar no lixão próximo a sua casa. Os amiguinhos do colégio o apelidavam de João Porquinho e mantinham distância dele, pois não aguentavam o futum do menino. Namoradas... nem pensar!

A característica mais marcante de João era o enxame de moscas que o seguia. Para todo lado que fosse, lá iam as mosquinhas zumbideiras a lhe acompanhar o caminho. No início, João até gostava das moscas, pois se considerava especial por tê-las em volta. Contudo, conforme o tempo foi passando, o zumbido constante o incomodava ao ponto de lhe dar dor de cabeça.

As vezes, cansado da "companhia" das moscas, João tomava um banho e grande parte das moscas iam embora. Porém, algumas moscas continuavam a perseguí-lo certas de que João novamente procuraria o lixão... e isso sempre acontecia. As vezes, elas mesmas pareciam indicar o caminho a João. E João Marcelo novamente virava João Porquinho... e continuava a ficar incomodado com as moscas.

Um dia, João Porquinho... digo... Marcelo... se cansou definitivamente das moscas e decidiu abandonar de vez o lixão e ficar limpo. Mas as moscas não acreditaram e continuaram a perseguí-lo. As vezes, faziam muito zumbido e lhe encurralavam na direção do lixão. Porém, a força de vontade de João era maior e ele sempre escapava, não indo para o lixão. Assim se passaram alguns meses, até que todas as moscas desistiram de João.

Hoje, João Marcelo tem 12 anos, anda sempre limpinho, bem-arrumado, usa perfume, tem vários amigos no colégio e tem, inclusive, namorada.

Moral da Estória: Se quisermos nos livrar de companhias indesejadas, devemos, em primeiro lugar, mudar os nossos hábitos, enxotando definitivamente o João Porquinho que existe dentro de nós.

Thursday, September 13, 2007

O BOLO - Texto 4 (Série Silvio)

Um pai tinha três filhas que gostavam muito dele. Denise, a mais velha, era muito habilidosa, mas também muito orgulhosa. Tinha orgulho de fazer tudo bem feito, bem melhor que as outras irmãs. Sandra era a irmã do meio e tinha muita inveja da irmã mais velha; e, assim, procurava imitá-la em tudo. Regina, a mais nova das três, era um desajeito só. Até se esforçava, mas acabava fazendo tudo de forma bem atrapalhada.

Um dia, na manhã do aniversário do pai, as três irmãs estavam na cozinha; porém, enquanto Regina lia calmamente um livro, Denise e Sandra discutiam para saber quem era a filha favorita do pai, pois este, sempre que era perguntado sobre o assunto, respondia que gostava igualmente de todas as suas filhas, não tendo nenhuma preferida.

Foi quando Denise, sentindo-se superior às irmãs, principalmente no quesito habilidade, sugeriu que cada uma das três filhas preparasse um bolo e o entregasse ao pai. Ao final, perguntariam a ele qual dos bolos de que ele mais gostou; o pai, então, procuraria agradar mais a sua escolhida, indicando o bolo feito por esta. A princípio, Regina não quis participar da disputa, pois bastava-lhe saber que o pai tinha algum amor por ela. Contudo, para não estragar a animação das irmãs, Regina decidiu aceitar o desafio; Regina também via na tarefa a oportunidade de melhorar, pela prática, suas habilidades na cozinha.

Assim, as três irmãs puseram mãos à massa, preparando, cada qual, um bolo para o pai. Como era de se esperar, Denise fez o confeito mais bonito e saboroso. Como também era previsto, o bolo de Sandra parecia uma cópia mal-acabada do primeiro, mas não menos gostoso. Contudo, diferente do que se poderia imaginar, o bolo de Regina ficou também bonito e com bom sabor, embora fosse visivelmente de qualidade inferior ao das duas irmãs.

Ao comparar o seu bolo com os de suas irmãs, Denise sentiu a vitória fácil, enquanto que Sandra e Regina também ficaram satisfeitas com seus preparados. À noite, as três boleiras foram mostrar suas obras de arte ao pai, que, após provar dos três bolos, falou:

- Em primeiro lugar, continuo gostando igualmente das três filhas. Por sinal, os bolos estavam excelentes. Contudo, mais importante do que saber se o resultado de um trabalho - no caso, o bolo - irá agradar a mim é saber o que o trabalho em si fará a vocês. Se uma tarefa fizer com que vocês se tornem pessoas orgulhosas ou invejosas, convém evitar fazê-la. Entretanto, se uma tarefa lhes convida a serem pessoas melhores, deve-se aceitá-la de bom grado. Sendo pessoas melhores, vocês serão felizes mais rapidamente e isso agradará, sem dúvida, a mim.

Por fim, acrescentou:

- O Homem põe e Deus dispõe. Logo, todo o fruto do trabalho tem um fim útil. Contudo, convém que o trabalho em si também seja útil.

As três irmãs saíram pensativas, refletindo sobre o dia que tiveram.

No dia seguinte, o pai provou um quarto bolo, bem mais gostoso que os do dia anterior, pos foi feito, em conjunto, por suas três filhas.


Esse texto é dedicado ao pai da Issana, Seu Otaviano, que hoje completa 67 anos. Deus o proteja.
Silvio.

Thursday, August 30, 2007

Hábito - Texto 3 (Série Silvio)

Marcelo era um menino muito inteligente e tinha um coração bom por natureza. Entretanto, ele sempre fazia as coisas erradas. Ele sabia que não devia brincar de irritar os outros, mas continuava fazendo. Marcelo sabia que se deve evitar falar palavrão, porém ele acabava soltando alguns no meio de uma frase.

Certa noite, seu pai lhe disse:

- Marcelo, Deus lhe deu uma noção tão boa de certo e errado; você sabe melhor do que muita gente qual a coisa certa a se fazer. Por que você escolhe sempre fazer a coisa errada?

Com displicência, Marcelo falou: Ah, pai. É só brincadeira. Os outros sabem que eu estou brincando. Não faço para ofender. Quanto aos palavrões, é só o meu jeito descolado, não faço com intenção agressiva e só faço nas horas adequadas. Como o senhor mesmo disse, sei o que é certo e errado, e posso parar de fazer o errado a qualquer momento.

Seu Wilson respondeu: Cuidado, filho. Costume de casa vai à praça. Além do mais, devemos aproveitar sempre as oportunidades de fazermos o que é certo. Toda oportunidade tem seu preço.

O filho disse: Fica tranquilo, pai. Eu quero só aproveitar o meu tempo de criança. Quando ficar adulto, eu paro.

Mesmo sentindo um aperto no peito, Seu Wilson deu um beijo de boa noite em seu filho, que foi dormir.

No dia seguinte, sozinho, quando estava atravessando a rua para ir para o colégio, Marcelo foi atropelado e bateu com a cabeça. Ele não tinha se machucado muito, porém havia perdido a memória. Como não se lembrava o caminho de casa, ficou perdido. As pessoas em volta tentaram ajudá-lo, mas Marcelo as assustava e as ofendia, falando palavrões absurdos e as tratando de maneira jocosa. Embora apiedados de Marcelo, ninguém queria levar para casa, nem que por uma noite, uma criança tão desbocada e zombeteira. Marcelo acabou dormindo na rua triste e solitário.

Marcelo acordou assustado em sua confortável cama, chorando de soluçar. Tudo não havia passado de um sonho ruim. Seu pai, que acordou com o choro do filho, foi vê-lo e, após Marcelo lhe contar sobre seu sonho, seu Wilson falou:

- Filho, mais importante do que sabemos ou fazemos são os nossos hábitos; eles são a nossa garantia de que continuaremos fazendo as coisas certas em quaisquer circunstâncias. Nossa inteligência não é apenas para nos ajudar a escolher entre o certo e o errado, mas também para compreender que devemos gravar essas escolhas na alma para o caso de nos faltar inteligência algum dia.

A partir daquela noite, Marcelo mudou e a sua arrogância, por saber tão bem escolher entre o certo e o errado, transformou-se em humildade, pelas dificuldades que encontrou na prática cotidiana de suas boas escolhas.

Saturday, May 26, 2007

O VIOLÃO - Texto 2 (Série Silvio)

Em um fim de tarde, sentados à beira de um lago, Seu Antenor ensinava seu filho Lúcio de 10 anos tocar o seu velho violão. Então, de repente, Lúcio pergunta:

- Pai, como é ser pai?

Seu Antenor coçou a cabeça e, olhando para o seu instrumento, falou:

- Filho, de quem é esse violão?

- Ele é seu, pai. - Disse o filho.

Seu Antenor pergunta:

- E você tem cuidado bem dele?

- Há dois anos, cuido dele todo dia. De manhã, tiro ele da caixa, afino as cordas e fico treinando por bastante tempo. Quando me canso, limpo bem o violão e o guardo com cuidado na caixa.

- E você gosta de tocá-lo?

- Sim, gosto muito. Acho lindo o som e tem músicas que me dão muita emoção.

Seu Antenor, enternecido, olha nos olhos do filho explica:

- Pois é, filho. Ser pai é isso. É cuidar de algo que não é nosso. Eu não sou seu dono e você não é minha posse. Ao me tornar pai, Deus está, na verdade, me emprestando você para que eu possa me desenvolver como pessoa.

- Como assim, pai?

- É simples. Você não desenvolve sua inteligência e sua sensibilidade musical ao tocar músicas alegres ou tristes no meu violão? Pois é. Da mesma forma, eu desenvolvo a razão e o coração nos momentos bons e ruins que tenho contigo. Cuido de você, como você cuida do meu violão, e ao cuidar de você, vou me tornando uma pessoa melhor, como você está se tornando um músico cada vez melhor.

E olhando novamente para o seu velho violão, Seu Antenor dá um sorriso e continua:

- Aliás, já está na hora deste instrumento trocar de mãos... mais uma vez. Ele agora é seu, filho. Cuide dele, como você o cuidou até aqui.

- E eu também não posso ser seu, pai?

- Meu, não. Você é e sempre será de Deus. Ele é o verdadeiro pai. Mas, o seu amor por mim é meu, assim como o meu amor por você é seu. E devemos cuidar do amor um do outro.

- Eu te amo, pai.

- Eu também te amo, filho.


Este texto é dedicado ao meu pai pelo seu aniversário no dia de hoje e também ao meu filho Lucas que hoje vem do Rio para Brasília me visitar. Amo muito os dois.
Silvio.

Thursday, May 24, 2007

VIDA DE FORMIGA - texto 26

Luvinha é uma formiga-criança, que vive em Formiguília, um formigueiro localizado no Planalto Central. Ela vive num nicho bem arrumadinho, junto com Formigão, seu pai, e Formiguete, sua mãe.

Luvinha é cercada de muito amor e carinho e tem uma linda vida de formiga. De manhã, vai à escolinha Formiga-Parque. À tarde, brinca com seus amigos de Formiga-Esconde e de Super Formiga Bros, um vídeo game muito popular em todo os formigueiros do mundo.

Apesar do que vocês possam estar pensando, nem tudo na vida da Luvinha é um mar-de-formigas. É que, mesmo com essa vida tranqüila de formiguinha, ela está sofrendo de medite. Medite é uma doença que ataca as formigas, que se caracteriza por um medo profundo, de tudo e de todos.

Luvinha tem medo de escuro e de sol excessivo, que pode queimar sua pelezinha de formiga. Tem medo de escorregador e de desenho da Formiga Adormecida. Sempre acha que está doente ou que alguém vai morrer... É como se ela tivesse uns 20 grilos barulhentos, dentro da cabeça, berrando a cada passo de formiga que ela dá.

Luvinha vive meio assustada e perdeu a alegria de viver.

Hoje, os pais a levaram à Doutora Formissábia, que não teve dúvidas:

- Essa formiga está com medite e precisamos tomar logo as providências!

Os pais esbugalharam os olhos de formiga e a Doutora continuou, se dirigindo à paciente:

- Em primeiro lugar, trate de tirar esses pensamentos negativos da sua cabecinha.

- E como eu faço isso, Doutora? – perguntou Luvinha, desanimada.

- Toda vez que pensar alguma coisa ruim, troque por uma coisa boa. Se pensar que vai adoecer, pense num sorvete bem gostoso, na casquinha. Se pensar que alguém vai morrer, pense nos dias lindos que vive com essa pessoa. NO escuro, acenda o abajur. Para sair no sol, use filtro solar.

- Huuuuummmm... – respondeu Luvinha, meio desconfiada. – Mas e se eu continuar sentindo medo?

- Aí, você fecha os olhinhos, pede para o coração ficar quieto e pede a Deus, Pai dos homens, das formigas e de toda a Criação, para que asserene seu coração e afaste de você todo mal. Faça uma prece, querida formiguinha!

Luvinha voltou para casa e, da primeira vez em que o medo começou a assustá-la, diante dos latidos raivosos do cachorro da vizinha humana, e ela fez a troca: imaginou que maravilha ter um cachorro tão bravo por perto, capaz de afastar pessoas mal-intencionadas. Aproveitou também para se conectar a Deus e, adivinhem só? Conseguiu se acalmar!

É claro que Luvinha ainda tem seus medos e angústias, mas, agora, confia mais e aplica o método, sempre que se vê em apuros, e isso tem feito muito bem a ela e a todos que com ela convivem, pois consegue aproveitar melhor as maravilhas da vida formiguística, sem carregar grilos na cabecinha minúscula ou se entregar à medite!

Wednesday, May 16, 2007

LALÁ E LELÉ - Texto 1 (Série Silvio)

Certa vez, duas lagartinhas estavam rastejando na floresta. Elas se chamavam Lagamarta e Lengamárcia, mas eram apelidadas de Lalá e Lelé. Lalá era feliz consigo mesma; amava o seu dia-a-dia de folhas verdinhas crocantes. Lelé, porém, só vivia reclamando. E reclamava, reclamava... reclamava de tudo. De tanto reclamar, Lelé não prestou atenção ao caminho e acabou se separando de sua companheira Lalá.

Lalá logo notou a ausência de elé e se preocupou com ela. Porém, Lelé nem se deu conta da separação da amiga e continuava reclamando. Lelé vivia se comparando aos outros animais dizendo:

- Por que fui nascer essa criatura tão desprezível? Vivo quase rastejando, quase me arastando no chão e sujando sempre minha barriguinha. As abelhas, por exemplo, tem asas bem rápidas e por isso podem voar. Como eu gostaria de ter essas asas de abelha. Oh destino infeliz! Deus não gosta de mim.
Um vaga-lume mágico, chamado Maga-lume, passando perto de Lelé, ouviu suas chorumelas; e tendo pena da lagartinha tão triste, fez com que nela nascessem asas de abelha. Lelé ficou contente e tratou logo de bater bem rápido as asinhas. Conseguia voar, sim. Mas seu corpo de lagarta não tinha o formato adequado para voar e ela voava desajeitadamente.
Um dia, passando por uma aranha, ela disse:
- Que pernas longas e fortes. Garanto que ela deve correr muito. Eu não. Com estas minhas perninhas e braços; sou um verdadeiro cotoco com asas. Quase não ando. Deus não teve pena de mim quando me criou. Como sou infeliz.
Novamente, Maga-lume estava próximo de Lelé e ouvindo a reclamação da lagartinha, quis resolver o problema dela e fez com que nela surgissem pernas de aranha. Agora, Lelé podia andar mais rápido, ainda que mais desajeitadamente.
Um dia, Lelé passava por um besouro, quando notou sua dura carapaça. E disse:
- Que carapaça forte! É uma verdadeira armadura. Se tivesse essa carapaça, nenhum animal iria me atacar. Mas eu não sou assim. Tenho esse corpo molenga, vulnerável. Coitada de mim.
Pode parecer incrível, mas, mais uma vez, Maga-lume ouviu a lenga-lenga da lagarta. E assim, para ajudá-la, fez com que nela aparecesse uma couraça bem dura. Inicialmente, a lagarta ficou feliz, mas logo notou que a carapaça não a deixava correr nem tampouco voar.
Um dia, estava Lelé passando por um lago quando se olhou no espelho d'água. Ela viu que tinha se transformado em uma criatura feia e disforme. Uma verdadeira aberração da qual todas as criaturas se afastavam de medo. Pela primeira vez, sentindo-se sozinha e solitária, Lelé chorou.
Preferiu ter continuado a ser uma simples lagarta. Pelo menos, tinha a companhia de sua amiga Lalá.
Foi quando, de repente, alguma coisa surgiu do céu. Parecia um anjo. Tinha asas de anjo, mas eram lindas... Eram co-lo-ri-das! Lelé demorou a reconhecer. Era ela... sua amiga Lalá.
- Lalá. O que houve com você? Você está linda! Essas asas, esse corpo esguio.
Lalá respondeu:
- Não fiz nada. Continuei minha vida, comendo minhas folhinhas, agradecendo o sol de cada dia. Um dia, acordei assim. - E notando o corpo da amiga Lelé, perguntou: E você? O que aconteceu contigo? E por que está chorando?
- Eu só fiz burrada nesta vida. Desejei tanto ter o que os outros tinham que me tornei um monstro.
- É bem verdade que sua aparência não está muito agradável, mas sempre há tempo para tomarmos o caminho certo. Suas mudanças corporais atrasaram um pouco a sua metamorfose. Não sei quanto tempo ela irá demorar, mas ela vai acontecer. Enquanto isso, aceite-se do jeito que é. Isso fará com que o tempo de espera seja mais curto.
Lelé, agora cheia de esperança, ainda estava se refazendo do choro, quando observou:
- Agora não vou poder mais acompanhar você. Você está livre para voar e eu presa neste corpo.
- Você se engana. Ficarei contigo e lhe farei companhia. Às vezes, sairei para buscar-te alimento, mas sempre voltarei para ficar contigo. Lembre-se, aceite-se do jeito que é.
E assim, alguns dias se passaram. Logo, duas borboletas lindas e radiantes estavam buscando o Céu. Lalá e Lelé.

Novidades

Olá, Pessoal!

A partir de hoje, O Pequeno Espírita passa a ser escrito a quatro mãos. Silvio Sodré passa a colaborar!

Curtam a seguir a história inaugural dele. Eu a-mei!

Seja bem-vindo, Silvio.

Um abraço fraterno a todos,
Issana